Olá, leitores da TV Sebastião Laranjeiras, fico extremamente honrada com o convite para falar sobre um tema tão delicado e importante como o Setembro Amarelo, o mês de prevenção ao suicídio. Este é um assunto que exige muito cuidado ao ser abordado, pois toca diretamente em experiências dolorosas de muitas pessoas que perderam entes queridos ou amigos para o suicídio.
Importância do Setembro Amarelo
O Setembro Amarelo nos oferece a oportunidade de refletir, falar e atuar na prevenção do suicídio. A prevenção é um esforço coletivo, não restrito apenas a profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, mas que envolve a sociedade como um todo. A principal meta dessa campanha é informar a população sobre como reconhecer sinais de alerta e o que fazer para ajudar alguém em risco.
Dados Epidemiológicos
Para contextualizar a importância dessa campanha, é fundamental olhar para os dados. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, o Brasil registrou um aumento significativo no número de suicídios entre 2010 e 2019, passando de 9.454 para 13.523 mortes, um aumento de 43%. Em 2023, o cenário continuou alarmante, reforçando a necessidade de ações preventivas.
No mundo, estima-se que a cada 45 segundos, uma pessoa tira a própria vida. Isso significa que, ao final de uma frase que lemos ou escrevemos, alguém em algum lugar já cometeu suicídio. Esse dado é impactante e deve nos fazer refletir sobre a urgência de ações efetivas de prevenção.
Taxa de Suicídio e Fatores de Risco
É importante destacar que a taxa de suicídio é maior entre os homens do que entre as mulheres. Além disso, uma tentativa anterior de suicídio é um dos principais fatores de risco para a morte por suicídio. Para cada suicídio cometido, 25 pessoas tentam tirar a própria vida. Essa taxa é ainda mais preocupante entre jovens de 15 a 29 anos.
A cada suicídio que acontece, pelo menos 135 pessoas são acometidas por um luto intenso ou afetadas de alguma outra forma. O impacto do suicídio é profundo e afeta não apenas quem se suicida, mas também suas famílias, amigos e comunidades inteiras.
As taxas de suicídio são particularmente altas entre grupos vulneráveis que enfrentam discriminação, como refugiados, imigrantes, prisioneiros, indígenas e indivíduos da comunidade LGBTQIA+. A discriminação e o estigma que esses grupos enfrentam contribuem significativamente para o aumento do risco de suicídio.
Fatores e Gatilhos para o Suicídio
É crucial entender que não existe uma única causa para o suicídio. Atribuir uma causa exclusiva a um suicídio é incorreto, pois geralmente há múltiplos fatores envolvidos. Entre os fatores de risco, destacam-se:
– Tentativa anterior de suicídio – Violência físico-sexual – Impulsividade e agressividade – Isolamento social – Doenças incapacitantes ou incuráveis – Alta recente de internação psiquiátrica
Esses fatores demandam atenção e cuidado. Muitas vezes, uma pessoa já fragilizada pode ser levada ao suicídio por um gatilho específico, como problemas financeiros, relacionamentos problemáticos, traumas e abusos não superados, uso de substâncias, ou mesmo acesso a meios letais.
Um ponto preocupante é a compulsão por jogos de apostas, frequentemente promovidos de maneira desenfreada nas redes sociais como o Instagram. Pessoas que perdem tudo em jogos de apostas podem ver no suicídio uma saída, o que ressalta a necessidade de maior regulação e conscientização sobre esse problema.
Fatores de Proteção
Assim como existem fatores de risco, também existem fatores de proteção que podem ajudar a prevenir o suicídio. Pessoas que enfrentam problemas psicológicos devem se apegar a esses fatores de proteção, que incluem:
– Cultivar hobbies e atividades prazerosas – Fortalecer a fé e crenças pessoais – Buscar e manter redes de apoio social – Encontrar motivações individuais – Engajar-se em ocupações e compromissos – Manter relacionamentos saudáveis – Buscar tratamento psicológico e psiquiátrico sempre que necessário
Sinais de Alerta
Para que a população possa identificar e ajudar, é essencial conhecer os sinais de alerta de que alguém pode estar em risco de suicídio. Alguns desses sinais incluem:
– Desânimo e autodepreciação – Descuido com a aparência pessoal – Mudança no padrão alimentar – Irritabilidade – Afastamento de amigos, família e trabalho – Abuso de substâncias – Realização de rituais de despedida – Autolesão – Falar sobre suicídio
É importante destacar que esses sinais nem sempre são claros e, por vezes, sequer aparecem. Muitas pessoas se culpam por não terem percebido, mas é fundamental reforçar que não é culpa delas.
Como Abordar Alguém em Sofrimento
Diante de alguém em profundo sofrimento, é essencial saber o que não dizer. Evite julgamentos ou minimizar o sofrimento alheio com frases como “é preguiça”, “é para chamar atenção”, ou “é falta de Deus”. Também não adianta tentar injeções de ânimo como “a vida é bela”, “pense positivo”, ou “veja o lado bom”.
Em vez disso, ofereça empatia e apoio. Pergunte como a pessoa se sente, ofereça ajuda para aliviar sua angústia, e demonstre que você está ao lado dela, mesmo que ela não queira conversar naquele momento. Ofereça-se para acompanhar a pessoa na busca por um profissional de saúde mental, mostrando que ela não está sozinha.
A prevenção do suicídio é um trabalho de muitas mãos. Setembro Amarelo é uma oportunidade para nos informarmos, discutirmos e agirmos juntos na prevenção do suicídio. Vamos fortalecer nossas redes de apoio, estar atentos aos sinais de alerta e oferecer ajuda a quem precisa. Se você está enfrentando dificuldades, busque apoio psicológico e psiquiátrico. A vida é um bem precioso, e juntos podemos fazer a diferença.
Obrigado pela oportunidade de abordar este tema tão relevante e sensível. Fico à disposição para qualquer esclarecimento adicional.
Com carinho e dedicação, Idália Cristina de S. Mello Laranjeira Psicóloga CRP03/14809
Advertisements